terça-feira, março 22, 2011

aonde eu descanso?



no colo de quem eu descanso?
oceanos de desertos
em massas de metal
recolhidamente torcidas
frageis mecanismos tácteis
em que horizonte eu me basto?
a que ser recorro?
 o eu de mim,
 também composto de máquinas e deslumbres cromados?
o eu de tu,
aonde não encontro,
exceto pelos escombros dum monumento
nunca antes lapidado.
fragmentos de nós
em pesos dissolutos;
ouve?
o pulsar do teu pescoço no meu colo.
ouve?
em pequenos circunspectos,
numa clausura muda, 
meu peso.
diante de ti,
do mundo,
e dos escombros do horizonte arrebatado pela grandeza do cinza.
onde a suavidade do azul já se enganou,
e a ti foi partido.
lá,
abraçado por concreto.


Originalmente em: envelope de poeira.

domingo, março 20, 2011

segunda-feira, março 07, 2011

quando cessam os instintos; (lemniscata)

de eterno cessar que são feitos os pequenos destinos;
mecanismos de rodas calejadas entreolham e estremecem
ao fim do percurso 
os tremores recomeçam pois é chegada a hora do começo
do fim 
do começo... 
o efêmero eternizar de um corpo só; onde os instintos são tão pequenos que se perdem
nos giros, deslizando fácil entre as engrenagens cansadas e reconhecíveis...
elas não se tocam... 
dentro destes minúsculos é possível avistar
seres
uma janela
um rio
árvores
além da podridão costumaz
o ciclo segue pulsando, 
as rodas carecem anseios...
anseiam carícias...,
junto com os orgasmos espalhados
pelos tetos
pelos gatos
pelas árvores lá fora
de uma vista que não é minha...
duns olhos que não são meus...
em breves lapsos me encontro,
e é como se fosse tomada
em possessões 
e nada se tivesse a fazer;
as rodas vagam... não mais se olham...
há brilhos pregados no teu rosto, menino...
 há muitos tu andas impregnado com a sujeira deste lugar...
tua face oscila, num noir dormente, onde não mais sinto
teu sexo
desfaz-se de lânguido e persegue a neurose do possuir
como um ditador velho e esquecido...
não mais te vejo
busco meus olhos
e eles estão muito além do que posso enxergar,
deixo-me ir a qualquer lado
pois sei do caminho...
e o dia vai alto,
indiferente às cores
aos cheiros
e à solidão 
do meu amor...
onde eu não estou.