terça-feira, outubro 20, 2009

Onirismo - parte II

Num enlevo desatado configurei meus sonhos,
os projetei para ti...
Neles,
retalhos coloridos foram costurando
teus braços nos meus...
uma colcha inteira de sentidos aconchegava
nossas essências, consubstanciada em nebulosa
amortecida num manto difuso

(Abri os olhos)

Despertei numa realidade onírica...
Nela,
fiapos de mim te encobriam por inteiro, e eu sentia
tu'alma debatendo-se oprimida num esforço vão
Meus pedaços secando, caindo ao teu redor...
salpicando um vazio inerte...
Te vi em alegoria,
ascendendo ao longe, ao sul (azul, azul...)

(Abri os olhos)

Manchas de Bosch, e de Goya...
Polvilhado de musgo, um braço translucido
Rangia estalidos ao acenar...
um adeus secular
um olhar ausente
desvelado em vazias órbitas
Um acenar eterno...
Um adeus...

Abri os olhos