O que é que tá tão errado?
Sou eu ou apenas as pessoas? Creio que
seja uma questão de espécie; o problema me envolve como partícula presa ao
mundo, como parte da peça. Penso minha inércia ser um erro também; para a expiação
e purgação da minha espécie. Sucumbir ao lidar com o entorno, com o que se
passa, a vertigem com o que pesa.
Esse embrutecimento não vem das pedras... As
pedras são mais humanas (segundo o ideal de humano) do que qualquer ser que se
encontre pelas ruas do mundo. Desse mundo. Não há espaço para respirar; comemos
câncer e vivemos ao som de mentiras e escárnios em nossas caras. Não há sequer
verdade no intento de uma poesia; perde-se o rumo diante de tanta barbárie. É
um sufoco viver, é um peso que aumenta a cada segundo, a cada passo para fora e
para dentro de casa. As pessoas perderam o sentido, embruteceram. Não no
sentido das pedras, não na resiliência mineral das pedras; as pessoas não
possuem a fortaleza e a resistência das pedras, as que se esforçam para se
embrutecerem dignamente acabam fraquejando em um estoicismo mais deturpado do
que poderia conceber o seu conceito.
Meu respirar tem-se tornado cada vez
mais pesado, tenho sentido, em tão densa difusão, tal repugnância pelas
pessoas, pelo seu medo, pelo cheiro de impotência e não pertencimento, à
vontade, o implorar no jeito que elas caminham pela santíssima ignorância, pela
cegueira onipresente. Por seu recaimento em mônadas. Tenho sentido repugnância
por estar imersa e inserida nisso. -falar nessas coisas é démodé; - deve ser algo
como hiperhumanização, ou qualquer eco místico que nos disse que somos seres
individuais e autossuficientes, que podemos e que temos de exacerbar
nossa vontade por potência, a fim de nos tornarmos o novo-homem;
As pessoas evitam-se, elevam-se em egos,
afastam qualquer possibilidade de construção, de comunhão. É humilhante ser uma
voz abafada, entre tantas outras vozes abafadas por um sistema que nós deixamos
e ajudamos a emergir em tão pouco tempo. Antes de qualquer definição, o homem é
homem, alguém disse. Antes de ser consumidor, espectador, objeto da história ao
invés de sujeito. Vários alguéns, provavelmente já mencionaram isso. O homem é
um bicho que tem se imposto violentamente à sua natureza de bicho; transmuta-se
em máquina, em estrume básico pra uma colheita escassa. Pequenas engrenagens
empenhadas por uma definição em seu espaço ocupado na roda, nada mais. Estamos
em estado de ultrafalência...
Não exponho esse texto por intenções
estéticas; está truncado e tantas outras coisas mais que são irrelevantes e
extremamente desnecessário apontá-las, posto que não tenciono nenhum
direcionamento para deleite do mesmo.
Não tenho intento em filosofias também, muito menos militâncias ou
qualquer algo. Exponho esse texto como voz abafada – como exasperação da voz
abafada - que não vê sentido em escrever poesia ou ensimesmamentos há tempos.
Está com uma escrita das boas...
ResponderExcluirprecisamos tomar um café dia destes. descobri um lugar que tem um capuccino grande com chantilly finíssimo, destes que aguçam o paladar e a memória. tentamos sorver tudo, pam. o café, os sentidos e, sobretudo, os gestos. é delicioso (tanto quanto o café que eu descobri) que apesar de não estarmos tão próximas, a fragilidade (ou no embrutecimento para caber melhor no "leia-se" deste teu texto - acredito, crônica) são reações e lampejos que implodem em qualquer um. lembra? "parece que tudo já foi dito." -
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