sexta-feira, maio 25, 2012


O que é que tá tão errado?
Sou eu ou apenas as pessoas? Creio que seja uma questão de espécie; o problema me envolve como partícula presa ao mundo, como parte da peça. Penso minha inércia ser um erro também; para a expiação e purgação da minha espécie. Sucumbir ao lidar com o entorno, com o que se passa, a vertigem com o que pesa.
 Esse embrutecimento não vem das pedras... As pedras são mais humanas (segundo o ideal de humano) do que qualquer ser que se encontre pelas ruas do mundo. Desse mundo. Não há espaço para respirar; comemos câncer e vivemos ao som de mentiras e escárnios em nossas caras. Não há sequer verdade no intento de uma poesia; perde-se o rumo diante de tanta barbárie. É um sufoco viver, é um peso que aumenta a cada segundo, a cada passo para fora e para dentro de casa. As pessoas perderam o sentido, embruteceram. Não no sentido das pedras, não na resiliência mineral das pedras; as pessoas não possuem a fortaleza e a resistência das pedras, as que se esforçam para se embrutecerem dignamente acabam fraquejando em um estoicismo mais deturpado do que poderia conceber o seu conceito.
Meu respirar tem-se tornado cada vez mais pesado, tenho sentido, em tão densa difusão, tal repugnância pelas pessoas, pelo seu medo, pelo cheiro de impotência e não pertencimento, à vontade, o implorar no jeito que elas caminham pela santíssima ignorância, pela cegueira onipresente. Por seu recaimento em mônadas. Tenho sentido repugnância por estar imersa e inserida nisso. -falar nessas coisas é démodé; - deve ser algo como hiperhumanização, ou qualquer eco místico que nos disse que somos seres individuais e autossuficientes, que podemos e que temos de exacerbar nossa vontade por potência, a fim de nos tornarmos o novo-homem;
As pessoas evitam-se, elevam-se em egos, afastam qualquer possibilidade de construção, de comunhão. É humilhante ser uma voz abafada, entre tantas outras vozes abafadas por um sistema que nós deixamos e ajudamos a emergir em tão pouco tempo. Antes de qualquer definição, o homem é homem, alguém disse. Antes de ser consumidor, espectador, objeto da história ao invés de sujeito. Vários alguéns, provavelmente já mencionaram isso. O homem é um bicho que tem se imposto violentamente à sua natureza de bicho; transmuta-se em máquina, em estrume básico pra uma colheita escassa. Pequenas engrenagens empenhadas por uma definição em seu espaço ocupado na roda, nada mais. Estamos em estado de ultrafalência...
Não exponho esse texto por intenções estéticas; está truncado e tantas outras coisas mais que são irrelevantes e extremamente desnecessário apontá-las, posto que não tenciono nenhum direcionamento para deleite do mesmo.  Não tenho intento em filosofias também, muito menos militâncias ou qualquer algo. Exponho esse texto como voz abafada – como exasperação da voz abafada - que não vê sentido em escrever poesia ou ensimesmamentos há tempos. 

2 comentários:

  1. precisamos tomar um café dia destes. descobri um lugar que tem um capuccino grande com chantilly finíssimo, destes que aguçam o paladar e a memória. tentamos sorver tudo, pam. o café, os sentidos e, sobretudo, os gestos. é delicioso (tanto quanto o café que eu descobri) que apesar de não estarmos tão próximas, a fragilidade (ou no embrutecimento para caber melhor no "leia-se" deste teu texto - acredito, crônica) são reações e lampejos que implodem em qualquer um. lembra? "parece que tudo já foi dito." -

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